O Ministério da Saúde realizou nesta sexta-feira a X Jornada Científica sobre Saúde Mental, sob o lema: Inovações Práticas e Humanização no Cuidado Psiquiátrico”. A iniciativa teve como objetivo promover a reflexão, partilha e debate de conhecimentos com abordagem científica e prática sobre inovações terapêuticas, reforçando os princípios de humanização no cuidado à saúde mental.
A jornada reuniu profissionais da saúde, pesquisadores e gestores da área, num esforço conjunto para aprimorar as práticas assistenciais no contexto psiquiátrico nacional.
Durante a abertura do evento, o Secretário de Estado para a Saúde Pública, Carlos Alberto Pinto de Sousa, destacou que a saúde mental não se limita apenas ao que sentimos individualmente, mas é resultado de um conjunto de factores inter-relacionados que influenciam o bem-estar geral do indivíduo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde mental como um estado de bem-estar no qual o indivíduo reconhece suas habilidades, enfrenta os desafios da vida, trabalha de forma produtiva e contribui para a sua comunidade.
De acordo com dados assistenciais mais recentes do Hospital Psiquiátrico de Luanda, no primeiro semestre de 2025 foram registados 28.921 atendimentos a pacientes com transtornos mentais. Entre as principais patologias identificadas estão, a Psicose assintomática aguda com 1.956 casos, os Transtornos comportamentais relacionados ao uso de álcool com 1.535 casos e a Epilepsia com 1.339 casos.
O número de tentativas de suicídio também apresentou um crescimento significativo. Foram 511 casos registrados entre janeiro e junho de 2025, um aumento de 175 casos em comparação com o mesmo período de 2024, que contabilizou 336 ocorrências. Além disso, 1.992 pacientes foram identificados com sintomas de depressão, uma das condições mais associadas à baixa qualidade de vida e ao risco de suicídio.
O Hospital Psiquiátrico de Luanda também se juntou à campanha mundial “Setembro Amarelo”, voltada à prevenção do suicídio. A iniciativa visa promover o diálogo sobre saúde mental e sensibilizar a sociedade para a importância de acolher, ouvir e cuidar do outro com empatia.
A campanha reforça ainda que o tratamento em saúde mental deve ser acessível, contínuo e baseado em princípios de humanização. Para os organizadores da jornada, aliar ciência e cuidado humanizado é essencial para valorizar a vida, reduzir os factores de risco e construir uma cultura de apoio e bem-estar coletivo.